Dizem os mais antigos que uma jovem índia da tribo dos Carajás estava sendo perseguida por um pretendente. Mas ela não gostava dele, não tinha amor por ele e estava ficando bem chateada com a insistência daquele índio.Quando já não aguentava mais tanta perseguição, a moça foi procurar a ajuda de um poderoso feiticeiro carajá, que lhe disse:
"Para libertar você desse índio, eu poderia transformá-la em uma estrela. Assim, você viveria lá no céu, bem longe do rapazinho chato."
Ela aceitou. O feiticeiro, jogando muita fumaça sobre ela e cantando um canto mágico, transformou a jovem índia em uma linda e brilhante estrela. Seu brilho era tão forte que se refletia na superfície dos rios e lagos da Terra.
O índio apaixonado, quando soube o que havia acontecido, foi rapidamente consultar um outro poderosíssimo feiticeiro, que disse a ele:"O que eu posso fazer é transformá-lo em vento. Desta forma, você poderá voar até perto da sua amada e ficar com ela, nos céus, para sempre".
Já cheio de saudades da indiazinha, o rapaz disse que sim. O velho bruxo carajá fez, então, a sua magia, e o índio foi transformado em um bonito vento.
O índio-de-vento começou a subir em direção aos céus mas, quando já estava bem alto, virou-se em direção à Terra e percebeu o brilho da estrelinha amada refletido nas águas, lá embaixo. Irritado, voltou-se em direção ao reflexo o mais depressa que podia. E alcançou grande velocidade.
O pai do moço, que assistia a tudo apavorado, pediu ao feiticeiro:"Faça alguma coisa, depressa, antes que meu filho se arrebente todo! Apague as estrelas! Apague as estrelas, rápido!"
O grande bruxo índio queria atender o pedido daquele pai desesperado, mas sabia perfeitamente que era impossível apagar as estrelas. Então, ele teve uma idéia:"Vou criar a Lua", disse. "Assim, a luz desse novo astro fará com que o reflexo das estrelas desapareça completamente da superfície das águas".
Assim que o índio-de-vento viu a novidade, e assim que percebeu que as estrelas não estavam mais refletidas nos rios e nos lagos, voltou a subir em direção aos céus e, lá, viveu para sempre ao lado da amada.
Que, podemos deduzir, não gostou nada do final da história!
História do folclore indígena, recontada para o Mingau Digital pelo poeta e museólogo Mário Chagas.
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