
Conta-se que, há muitos anos, quando ainda havia escravidão no Brasil, vivia no sul um menininho negro. Os pais dele tinham sido vendidos para um outro dono, e ele acabou ficando sozinho em uma fazenda. Como ninguém sabia o nome que seus pais haviam lhe dado, acabaram chamando o menino de Negrinho do Pastoreio, já que ele era um excelente pastor.
Negrinho era muito devoto de Nossa Senhora. Uma noite, um dos cavalos mais bonitos do patrão, que estava sob os cuidados dele, desapareceu. O menino pegou uma vela, rapidamente, e saiu pelo meio da escuridão para procurar o bicho, rezando para que o encontrasse. Quando seus pés já estavam feridos de tanto caminhar, suas preces foram atendidas. Os pingos da vela cairam no chão e se transformaram em uma enorme e maravilhosa fogueira, que iluminou todo o campo. Assim, Negrinho pode encontrar o cavalo e levá-lo de volta, sem que ninguém desse pela sua falta.
Mas, no outro dia, o cavalo fugiu de novo. Dessa vez o patrão ficou sabendo e, furioso com o pastorzinho, mandou matá-lo porque não tinha cumprido o seu serviço direito. Chamou o capataz da fazenda, e ordenou que ele levasse o menino para um formigueiro e o deixasse lá, todo amarrado, para que fosse comido vivo pelas formigas. O capataz obedeceu, chorando de tristeza, e abandonou a criança à sua própria sorte.
Mas, na manhã seguinte, resolveu que deveria salvar o menino, mesmo que corresse o risco de ser despedido. Correu até o formigueiro, certo de que encontraria Negrinho muito ferido e quase à morte. Lá chegando, teve uma enorme surpresa: lá estava o pastor, ao lado do cavalo fujão, cercado por uma luz dourada e sem nenhuma picada no corpo. O menino disse ao capataz:
"Eu estou indo embora. Sei que você é generoso e que queria me salvar. Como agradecimento, vou ajudá-lo sempre a recuperar qualquer coisa que você perder. E vou fazer o mesmo com todas as crianças. Diga a elas para chamarem por mim sempre que precisarem encontrar algo."
Nesse instante, uma nuvem de passarinhos apareceu e levou Negrinho para longe. Ele nunca mais foi visto, mas, daquele dia em diante, todas as crianças daquela região que perdem seus brinquedos, bichos de estimação ou outras coisas, acendem uma vela e pedem assim:
"Querido Negrinho do Pastoreio, leve esta luz a Nossa Senhora e encontre tudo o que já perdi."
(Mas, se você for pequeno e quiser tentar, por favor, peça a um adulto para acender a vela com você, OK?)
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